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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

MATÉRIA SOBRE O ÁLBUM LUCIFER PROMETHEUS

https://gavetadebagunca.wordpress.com/2017/07/06/lord-blasphemate-lucifer-prometheus-2017/


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Lord Blasphemate: “Lucifer Prometheus, Sun In Aries 0º0’0″ – Equinox” (2017, Heavy Metal Rock) NOTA:10,0
A banda Lord Blasphemate sempre foi intelectualmente diferenciada dentro do cenário metálico nacional, praticando um Black Metal trabalhado, com melodias obscuras e agressividade requintada. Oriunda de Natal, capital do Rio Grande do Norte, estão na ativa desde 1992, tendo presenteado a cena extrema nacional com ao menos um clássico indiscutível em 1997, o irrepreensível “The Sun That Never Dies…”, primeiro full lenght da banda, construído sobre um Black Metal adornado por orquestrações, vocais femininos, violinos, flautas e violões.
Ali, naquele primeiro álbum, já estava cravada, de modo menos lapidado, a habilidade artística elevada da banda, brilhantemente apresentada em “Lucifer Prometheus, Sun In Aries 0º0’0″ – Equinox”, seu novo e quarto full lenght, onde manuseiam com muita originalidade as formas mais soturnas e obscuras do metal extremo, saindo da zona de conforto do Black Metal ao ousar em arranjos esmerados, construídos por melodias próximas ao Heavy Metal mais tradicional, junto a orquestrações (à cargo de Paulo Santiago, que também cuidou dos samples e algumas linhas de guitarra), teclados, e instrumental diversificado que se entrelaçam de modo natural à agressividade e rispidez, ao longo das constantes variações de andamentos.
O Lord Blasphemate sempre foi uma banda intelectualmente diferenciada dentro do cenário metálico nacional, praticando um Black/Heavy Metal trabalhado, com melodias obscuras e agressividade requintada, chegando às raias do desenvolvimento erudito, principalmente pelo temor emanado de cada movimento de sua marcha agressiva e imperiosa…
Ou seja, temos uma manufatura Black/Heavy Metal, que mescla todas as abordagens de sua inquieta discografia, chegando ao máximo equilíbrioe já impressionando pelo cuidadoso trabalho gráfico (à cargo de Alcides Burn) num belíssimo digipack, refletindo o requinte musical que a música extrema do Lord Blasphemate atingiu, aos meus ouvidos só comparável à excelência apresentada pelo Therion em álbuns como “Vovin” (1998) “Deggial” (2000).
Mas muito cuidado, não estamos dizendo que a banda grega é uma das influências deste trabalho do Lord Blasphemate, que tem sim ascendências da cena grega, mas voltada a bandas como Rotting Christ e Nightfall, em suas passagens climáticas, linhas soturnas, e morbidez melódica. Completando as perceptíveis referências temos os pilares Bathory, Venom, e Hellhammer que permeiam qualquer desdobramento do gênero.
Confira a faixa “The Paroketh Veil – The Sun of Tipharet”… 
Nesta direção, o trio potiguar, completado por Znameni (baixo), Hellhammer (guitarra) e Nyarlathotep (vocais), chega às raias do desenvolvimento erudito, principalmente pelo temor emanado de cada movimento de sua marcha agressiva e imperiosa, principalmente nos riffsmultifacetados, que transmitem grandiosidade e agressividade na mesma medida, passeando pelas escolas mais extremas, mas também trazendo desenhos harmônicos comuns ao Occult Rock/Metal (ouça “The Magician Hierophant of Hadit in Equinox”), além dos vocais rasgados, e das linhas vigorosas de bateria registradas por Johnny Rodrigues (Infested Blood).
A música engendrada pela banda, que explora tons experimentais, principalmente nas composições mais longas, ganhando ainda mais intensidade e dramaticidade, pela produção orgânica, pesada, e crua, permitindo detalhar cada movimento e artifício harmônico do trabalho, que deixa a catarse do Black Metal de lado, promovendo uma investigação mais cerebral do gênero, emoldurando, ainda, um conceito ocultista da relação entre as figuras de mítico-filosóficas de Lúcifer e Prometeu.
Como bem vimos no texto “LÚCIFER: Uma Entidade do Mal ou o Portador da Luz?”, publicado aqui mesmo no site (confira-o aqui), se nos desatarmos dos grilhões dos dogmas religiosos, enxergaremos similaridades em personagens mitológicos como Lúcifer e Prometeu (além de Shemyaza e Kukulkan) que poderiam ser apenas nomes para a mesma entidade que realmente proporcionou à humanidade o abandono da ignorância intelectual.
Confira a faixa “Lucifer Prometheus Sun in Aries 0°0’0″ – Equinox”… 
Em suma, a mitologia nos conta que o titã Prometeu, pertencente a  uma raça de gigantes que habitou a Terra antes dos homens, e seu irmão Epimeteu foram responsáveis por dar aos homens e aos demais animais, todas as faculdades necessárias para sua preservação.  Prometeu, com a ajuda de Minerva, subiu ao céu e acendeu sua tocha no sol, roubando o fogo dos deuses e o trazendo para o homem, que garantiria sua superioridade perante os outros animais. O fato de que Prometeu roubara a luz dos deuses, e que Lúcifer seria o “Portador da Luz”, seria apenas uma das várias coincidências que não podem ser ignoradas nesta correlação.
Toda esta mística ocultista não é novidade na imagética da banda, tendo seu ápice no EP “Opus Gnosticum Satannae” (2014), que tem sua existência fortemente ligada à Cabala, e onde chegaram a usar frequências inspiradas nos tradicionais rituais dos monges tibetanos, com o poder de alterar o estado de consciência do ouvinte, além de uma introdução com a voz de Aleister Crowley, só pra citarmos alguns dos elementos.
Confira a faixa “In Astral Journey Through of Kingdom of the Quliphots”… 
Neste panorama, as sete composições de “Lucifer Prometheus, Sun In Aries 0º0’0″ – Equinox” (a oitava é uma versão orquestral para “Heptarchia Mystica – The Enochians Slaves Angelicae”) são a perfeita harmonização de todos os ingredientes que tornam a música do Lord Blasphemate grandiosa e diferenciada dentro do Metal Nacional, principalmente por faixas memoráveis como “Lucifer Prometheus Sun in Aries 0°0’0″ – Equinox” (que abre o álbum de modo instigante), as épicas “Heptarchia Mystica – The Enochians Slaves Angelicae” (que dá um dinamismo erudito ao Metal Extremo), “The Paroketh Veil – The Sun of Tipharet” (de linhas vocais instigantes, instrumental cadenciado e clima macabro)  “In Astral Journey Through of Kingdom of the Quliphots” (dona de uma melancolia diferenciada, contrastada por angelicais vocais femininos de Jaque Moraes), além da curta, mas impecável ” Draco Estelar Ophidian Ignea”.
Este álbum coloca o Lord Blasphemate na linha de frente da vanguarda do Black Metal nacional, pois mostram muita maturidade como compositores, tendo total domínio da forma que querem dar à sua obra, indo além da experiência musical, se encontrando num padrão de qualidade à nível internacional.
Obra-prima! Simples assim…

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