"QUE MEUS SEGUIDORES SEJAM POUCOS E SECRETOS. ELES GOVERNARÃO OS MUITOS E CONHECIDOS."

sábado, 5 de outubro de 2013

MARCELO RAMOS MOTTA: UM ENIGMA


                                                      Frater Luceo in Tenebrea  

  INTRODUÇÃO  
Quem  ouve   falar  de   Marcelo  Ramos  Motta,  um  meticuloso  e extremamente exigente  Instrutor da AA, e que indubitavelmente foi o iniciador de Thêlema no Brasil, não consegue imaginar o quanto a trajetória deste homem influiu no pensamento thelêmico mundial. Como legítimo  membro da  AA, Marcelo  Ramos Motta, treinou v rios estudantes no  Brasil, entre  os quais  encontrava-se Frater T.*1, que permaneceu  sob a  Baqueta de  Frater  E  durante  treze  anos consecutivos  (1961/1974),  seguindo  posteriormente  seu  próprio caminho,  mas   sempre  procurando   manter-se  dentro   da  linha desenvolvida por  de seu  Instrutor, honrando, assim, sua Linhagem Sucessória. A  partir de 1974, Marcelo Motta começou a mostrar uma peculiar transformação em seu car ter. 
Mesmo  os  seus  mais  íntimos  colaboradores  não  escaparam  das funestas consequências  desta  mudança.  Não  demorou  muito  para surgirem atritos e cismas no grupo formado. 
Ao que  parece, o grande erro de Marcelo Motta, foi tomar sobre si próprio  todos   os  Cargos  Oficiais  da  Ordem  (Preamenstrator, Cancellarius,  Imperator),   alijando   continuamente   candidatos capacitados para  os mesmos.  O acumulo  de responsabilidade  e  a natural pressão  que um  Iniciado recebe sobre sua pessoa, eclodiu naquela mudança radical. 
O  processo  da  bizarra  transformação  crescia  a  cada  dia  e, aproximadamente em  1980,  o  transformou  num  homem  amargurado, irascível, e altamente rude. 
Muitos de  seus discípulos  retiraram-se de  um ativo envolvimento com ele;  outros  retiraram-se  ao  silêncio *2,  enquanto  outros perduraram na  vã esperança de uma mudança do quadro. Tudo inútil. Viriam posteriormente seguir os passos dos anteriores. Nesta época, a polêmica figura de Marcelo Motta, somente conseguia angariar inadequados candidatos … iniciação na O.T.O.*3 Indivíduos visivelmente inclinados  a uma  personalidade fan tica: um reflexo daquela que agora o líder apresentava. 
Tal fanatismo (ou paranóia) chegou a tal ponto que, na Inglaterra, um desses  discípulos tramou  explodir a  livraria  de  antigos  e conhecidos editores  britƒnicos (Routledge  & Kegan), simplesmente porque Marcelo Motta estaria aborrecido com eles. (Este estudante, erradamente, quase  destruiu uma  outra livraria.  Preso,  veio  a falecer na prisão. 
Mas nem  a O.T.O., nem a AA, e nem o Ocultismo em geral, podem ser responsabilizados por  estes exageros. Nem mesmo o próprio Marcelo
Motta pode  ser apresentado  como culpado.  É da natureza humana o erro, o  desequilíbrio, etc.; principalmente nesta fase tumultuada da Evolução  Humana. A  existência do  erro, do  engano, ou  de se deixar levar pela ilusão de um inflamado ego, somente ser  evitada com extrema auto-vigilƒncia. 
Não h   iniciado que  não corra  o risco  de ser  envolvido  desta maneira por sua parte negativa, advinda do veículo grosseiro ainda não equilibrado. Porém, como dito por alguns: São ossos do ofício. Em  nenhuma   Ordem  ou  Sistema  realmente  eficiente,  estar   o Estudante protegido de tal perigo intrínseco … própria natureza da Iniciação a  Real Iniciação  mexe com a estrutura física, mental e espiritual do  Candidato. Ela  atua diretamente  nos Chakras.  Por isto, todo  trabalho m gico-místico contém em si um grande perigo, o perigo do desequilíbrio.*4 A linha que separa o Iniciado do Louco é bastante tênue. 
Deve parecer paradoxal de como um legítimo membro da Grande Ordem, possa cair numa situação deste tipo. Existem duas  explicações razo veis do problema, mas não absolutas ou definitivas. 
Basta que  se estude  os pontos  cruciais da  Carreira Inici tica, particularmente a  Passagem pelo  Véu de  Paroketh,  e  aquele  do Juramento do Abismo. 
Qualquer homem  ou mulher  (mesmo um  profano,  que  por  qualquer motivo o  venha conhecer  O Juramento  do Abismo),  tem o  sagrado direito de  tomar o  Juramento, a  qualquer momento de sua vida, o qual é o mais sério de toda carreira inici tica. 
O Estudante  julgando-se pronto  para este  Juramento, pode tentar aquela atravessia,  sem que  na realidade seteja o bastante maduro para tal*5.  É uma ilusão que toma de assalto o ego. Isto acontece e continuar   a acontecer a todos que, em um momento de suas vidas inici ticas, perdem  a auto-crítica.  O fenômeno  pode ser ativado por alguma  ilusória visão  ou  evento  místico-m gico  que  venha massagear o  ego do  Estudante, dando-lhe a falsa impressão de ter atingido certo  elevado grau  dentro da  Hierarquia, isto  é,  ele supervaloriza a  visão e  o evento  que podem  ser tão  somente  a projeção de  um  turbilhão  astral  provocado  por  suas  pr ticas intensas. Desta maneira assume inadvertidamente o Juramento*6. Não podemos condena-lo  por tal  equívoco. Enquanto  que por um lado a assunção do  Juramento revela  um ato  de coragem, por outro, e na maioria das  ocasiões, revela  um ato  de temeridade presunçosa. O problema se  torna por  demais complexo  para ser aqui explorado a contento. Mas,  como escrito  em Liber  Librae: Não  te apresses a condenar os outros; como saber se tu no lugar deles resistirias …s tentações? E  mesmo que  tu fosse  mais  forte  que  eles,  porque desprezar …queles  que são  mais fracos  que tu?  Este ensinamento deveria ser  observado e  sempre mantido  na  mente  do  Estudante desejoso  em   seguir  correta   e  equilibradamente  a  Senda  da Iniciação.*7 
O grande problema contido no Juramento do Abismo est  explícito em Liber Samech  ... se  restar inabsorvido  um só   tomo que seja do
falso ego, aquele  tomo mancharia a virgindade do Verdadeiro Ente, e profanaria  o Juramento;  então aquele   tomo seria inflamado de tal forma pela aproximidade do Anjo que venceria o resto da mente, tiranizando-a, e se tornaria um déspota louco Não podemos afirmar que um tal desastre ocorreu com Marcelo Motta. Mas também não podemos descartar a hipótese. 
A Segunda explicação seria que Marcelo Motta, desde criança, fosse portador de  qualquer  distúrbio  mental.  talvez  provocado  pela dominadora influência  de sua  mãe.  Ele  mesmo  admite  isto  aos declarar em  Chamando Os Filhos Do Sol: Eu continuava masturbando- me periodicamente,  e sentia que intuitivamente que minha presença no trabalho  de loja (da FRA) era, em tais condições, indesej vel. E mais: ... eu era m gicamente dominado por minha mãe .... que era donzel anos  após a  puberdade; que tinha receio das mulheres; que me entregava  … masturbação;  e que,  enfim,  meu  desenvolvimento emocional, devido  ao laço  m gico com  minha mãe  (chamado  pelos psicólogos profanos de Complexo de Édipo), estava retardado v rios anos. Para Iniciados do Santu rio da Gnose, isto torna-se bastante claro. Para  outros, deveriam  consultar Magick  Without Tears, no Capítulo Amor de Mãe. 
Mas existe  uma outra hipótese, a qual não discutirei aqui. Ela j  foi, e por v rias vezes, ventilada em outros trabalhos.