Frater Luceo in Tenebrea
INTRODUÇÃO
Quem ouve falar de Marcelo Ramos Motta, um meticuloso e extremamente exigente Instrutor da AA, e que indubitavelmente foi o iniciador de Thêlema no Brasil, não consegue imaginar o quanto a trajetória deste homem influiu no pensamento thelêmico mundial. Como legítimo membro da AA, Marcelo Ramos Motta, treinou v rios estudantes no Brasil, entre os quais encontrava-se Frater T.*1, que permaneceu sob a Baqueta de Frater E durante treze anos consecutivos (1961/1974), seguindo posteriormente seu próprio caminho, mas sempre procurando manter-se dentro da linha desenvolvida por de seu Instrutor, honrando, assim, sua Linhagem Sucessória. A partir de 1974, Marcelo Motta começou a mostrar uma peculiar transformação em seu car ter.
Mesmo os seus mais íntimos colaboradores não escaparam das funestas consequências desta mudança. Não demorou muito para surgirem atritos e cismas no grupo formado.
Ao que parece, o grande erro de Marcelo Motta, foi tomar sobre si próprio todos os Cargos Oficiais da Ordem (Preamenstrator, Cancellarius, Imperator), alijando continuamente candidatos capacitados para os mesmos. O acumulo de responsabilidade e a natural pressão que um Iniciado recebe sobre sua pessoa, eclodiu naquela mudança radical.
O processo da bizarra transformação crescia a cada dia e, aproximadamente em 1980, o transformou num homem amargurado, irascível, e altamente rude.
Muitos de seus discípulos retiraram-se de um ativo envolvimento com ele; outros retiraram-se ao silêncio *2, enquanto outros perduraram na vã esperança de uma mudança do quadro. Tudo inútil. Viriam posteriormente seguir os passos dos anteriores. Nesta época, a polêmica figura de Marcelo Motta, somente conseguia angariar inadequados candidatos … iniciação na O.T.O.*3 Indivíduos visivelmente inclinados a uma personalidade fan tica: um reflexo daquela que agora o líder apresentava.
Tal fanatismo (ou paranóia) chegou a tal ponto que, na Inglaterra, um desses discípulos tramou explodir a livraria de antigos e conhecidos editores britƒnicos (Routledge & Kegan), simplesmente porque Marcelo Motta estaria aborrecido com eles. (Este estudante, erradamente, quase destruiu uma outra livraria. Preso, veio a falecer na prisão.
Mas nem a O.T.O., nem a AA, e nem o Ocultismo em geral, podem ser responsabilizados por estes exageros. Nem mesmo o próprio Marcelo
Motta pode ser apresentado como culpado. É da natureza humana o erro, o desequilíbrio, etc.; principalmente nesta fase tumultuada da Evolução Humana. A existência do erro, do engano, ou de se deixar levar pela ilusão de um inflamado ego, somente ser evitada com extrema auto-vigilƒncia.
Não h iniciado que não corra o risco de ser envolvido desta maneira por sua parte negativa, advinda do veículo grosseiro ainda não equilibrado. Porém, como dito por alguns: São ossos do ofício. Em nenhuma Ordem ou Sistema realmente eficiente, estar o Estudante protegido de tal perigo intrínseco … própria natureza da Iniciação a Real Iniciação mexe com a estrutura física, mental e espiritual do Candidato. Ela atua diretamente nos Chakras. Por isto, todo trabalho m gico-místico contém em si um grande perigo, o perigo do desequilíbrio.*4 A linha que separa o Iniciado do Louco é bastante tênue.
Deve parecer paradoxal de como um legítimo membro da Grande Ordem, possa cair numa situação deste tipo. Existem duas explicações razo veis do problema, mas não absolutas ou definitivas.
Basta que se estude os pontos cruciais da Carreira Inici tica, particularmente a Passagem pelo Véu de Paroketh, e aquele do Juramento do Abismo.
Qualquer homem ou mulher (mesmo um profano, que por qualquer motivo o venha conhecer O Juramento do Abismo), tem o sagrado direito de tomar o Juramento, a qualquer momento de sua vida, o qual é o mais sério de toda carreira inici tica.
O Estudante julgando-se pronto para este Juramento, pode tentar aquela atravessia, sem que na realidade seteja o bastante maduro para tal*5. É uma ilusão que toma de assalto o ego. Isto acontece e continuar a acontecer a todos que, em um momento de suas vidas inici ticas, perdem a auto-crítica. O fenômeno pode ser ativado por alguma ilusória visão ou evento místico-m gico que venha massagear o ego do Estudante, dando-lhe a falsa impressão de ter atingido certo elevado grau dentro da Hierarquia, isto é, ele supervaloriza a visão e o evento que podem ser tão somente a projeção de um turbilhão astral provocado por suas pr ticas intensas. Desta maneira assume inadvertidamente o Juramento*6. Não podemos condena-lo por tal equívoco. Enquanto que por um lado a assunção do Juramento revela um ato de coragem, por outro, e na maioria das ocasiões, revela um ato de temeridade presunçosa. O problema se torna por demais complexo para ser aqui explorado a contento. Mas, como escrito em Liber Librae: Não te apresses a condenar os outros; como saber se tu no lugar deles resistirias …s tentações? E mesmo que tu fosse mais forte que eles, porque desprezar …queles que são mais fracos que tu? Este ensinamento deveria ser observado e sempre mantido na mente do Estudante desejoso em seguir correta e equilibradamente a Senda da Iniciação.*7
O grande problema contido no Juramento do Abismo est explícito em Liber Samech ... se restar inabsorvido um só tomo que seja do
falso ego, aquele tomo mancharia a virgindade do Verdadeiro Ente, e profanaria o Juramento; então aquele tomo seria inflamado de tal forma pela aproximidade do Anjo que venceria o resto da mente, tiranizando-a, e se tornaria um déspota louco Não podemos afirmar que um tal desastre ocorreu com Marcelo Motta. Mas também não podemos descartar a hipótese.
A Segunda explicação seria que Marcelo Motta, desde criança, fosse portador de qualquer distúrbio mental. talvez provocado pela dominadora influência de sua mãe. Ele mesmo admite isto aos declarar em Chamando Os Filhos Do Sol: Eu continuava masturbando- me periodicamente, e sentia que intuitivamente que minha presença no trabalho de loja (da FRA) era, em tais condições, indesej vel. E mais: ... eu era m gicamente dominado por minha mãe .... que era donzel anos após a puberdade; que tinha receio das mulheres; que me entregava … masturbação; e que, enfim, meu desenvolvimento emocional, devido ao laço m gico com minha mãe (chamado pelos psicólogos profanos de Complexo de Édipo), estava retardado v rios anos. Para Iniciados do Santu rio da Gnose, isto torna-se bastante claro. Para outros, deveriam consultar Magick Without Tears, no Capítulo Amor de Mãe.
Mas existe uma outra hipótese, a qual não discutirei aqui. Ela j foi, e por v rias vezes, ventilada em outros trabalhos.
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